domingo, 8 de fevereiro de 2015

ACTOS DOS APÓSTOLOS


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Compus o meu primeiro relato, ó Teófilo, a respeito de todas as coisas que Jesus fez e ensinou desde o início, até o dia em que foi arrebatado, depois de ter dado instruções aos apóstolos que escolhera sob a ação do Espírito Santo. Ainda a eles, apresentou-se vivo depois de sua paixão, com muitas provas incontestáveis: durante quarenta dias apareceu-lhes e falou-lhes do que concerne ao Reino de Deus. Então, no decurso de uma refeição com eles, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que aguardassem a promessa do Pai, "a qual, disse ele, ouvistes de minha boca: pois João baptizou com água, mas vós sereis baptizados com o Espírito Santo dentro de poucos dias." 

A Ascensão — Estando, pois, reunidos, eles assim o interrogaram: "Senhor, é agora o tempo em que irás restaurar a realeza em Israel? " E ele respondeu-lhes: "Não vos compete a vós conhecer os tempos e os momentos que o Pai fixou com sua própria autoridade. Mas recebereis uma força, a do Espírito Santo que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e a Samaria, e até aos confins da terra". Dito isto, foi elevado à vista deles, e uma nuvem o ocultou a seus olhos. Estando a olhar atentamente para o céu, enquanto ele se ia, dois homens vestidos de branco encontraram-se junto deles "e lhes disseram: "Homens da Galileia, por que estais aí a olhar para o céu? Este Jesus," que foi arrebatado dentre vós para o céu, assim virá, do mesmo modo como o vistes partir para o céu". 


Então, do monte chamado das Oliveiras, voltaram a Jerusalém. A distância é pequena: a de uma caminhada de sábado. Tendo entrado na cidade, subiram à sala superior, onde costumavam ficar. Eram Pedro e João, Tiago e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, o Zelota; e Judas, filho de Tiago. Todos estes, unânimes, perseveravam na oração com algumas mulheres, entre as quais Maria, a mãe de Jesus, e com os irmãos dele. 

Naqueles dias, Pedro levantou-se no meio dos irmãos — o número das pessoas reunidas era de mais ou menos cento e vinte — e disse: "Irmãos, era preciso que se cumprisse a Escritura em que, por boca de David, o Espírito Santo havia de antemão falado a respeito de Judas, que se tornou o guia daqueles que prenderam Jesus. Ele era contado entre os nossos e recebera sua parte neste ministério. Ora, este homem adquiriu um terreno com o salário da iniquidade e, caindo de cabeça para baixo, arrebentou pelo meio, derramando-se todas as suas entranhas. O facto foi tão conhecido de todos os habitantes de Jerusalém que esse terreno foi denominado, na língua deles, Hacéldama, isto é, 'Campo do Sangue'. Pois está escrito no livro dos Salmos: Fique deserta a sua morada e não haja quem nela habite. E ainda: Um outro receba o seu encargo. 
É necessário, pois, que, dentre estes homens que nos acompanharam todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu no nosso meio, a começar pelo baptismo de João até ao dia em que dentre nós foi arrebatado, um destes se torne connosco testemunha da sua ressurreição". Apresentaram então dois: José, chamado Barsabás e cognominado Justo, e Matias. E fizeram esta oração: "Tu, Senhor, que conheces o coração de todos, mostra-nos qual destes dois escolheste para ocupar o lugar que Judas abandonou, no ministério do apostolado, para dirigir-se ao lugar que era o seu". Lançaram sortes sobre eles, e a sorte veio a cair em Matias, que foi então contado entre os doze apóstolos. 

Tendo-se completado o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído como o agitar-se de um vendaval impetuoso, que encheu toda a casa onde se encontravam. Apareceram-lhes, então, línguas como de fogo, que se repartiam e que pousaram sobre cada um deles. E todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem. Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos vindos de todas as nações que há debaixo do céu. Com o ruído que se produziu a multidão acorreu e ficou perplexa, pois cada qual os ouvia falar em seu próprio idioma. Estupefatos e surpresos, diziam: "Não são, acaso, galileus todos esses que estão falando? Como é, pois, que os ouvimos falar, cada um de nós, no próprio idioma em que nascemos? Partos, medos e elamitas; habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frigia e da Panfília, do Egipto e das regiões da Líbia próximas de Cirene; romanos que aqui residem; tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, nós os ouvimos apregoar em nossas próprias línguas as maravilhas de Deus!" Estavam todos estupecfatos. E, atónitos, perguntavam uns aos outros: "Que vem a ser isto?" Outros, porém, zombavam: "Estão cheios de vinho doce!" 

Pedro, então, de pé, junto com os Onze, levantou a voz e assim lhes falou: "Homens da Judeia e todos vós, habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento disto e prestai ouvidos às minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como pensais, pois esta é apenas a terceira hora do dia. O que está acontecendo é o que foi dito por intermédio do profeta: Sucederá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda carne. Vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões e vossos velhos sonharão. Sim, sobre meus servos e minhas servas derramarei do meu Espírito. E farei aparecerem prodígios em cima, no céu, e sinais embaixo, sobre a terra. O sol se mudará em escuridão e a lua em sangue, antes que venha o Dia do Senhor, o grande Dia. E então, todo o que invocar o nome do Senhor será salvo. 
Homens de Israel, ouvi estas palavras! Jesus, o Nazareno, foi por Deus aprovado diante de vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus operou por meio dele entre vós, como bem o sabeis. Este homem, entregue segundo o desígnio determinado e a presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o pela mão dos ímpios. Mas Deus o ressuscitou, libertando-o das angústias do Hades, pois não era possível que ele fosse retido em seu poder. De fato, é a respeito dele que diz David: - Eu via sem cessar o Senhor diante de mim: ele está à minha direita, para que eu não vacile. Por isso alegra-se o meu coração e minha língua exulta. Mais ainda, também minha carne repousará na esperança, porque não abandonarás minha alma no Hades nem permitirás que teu Santo veja a corrupção. Deste-me a conhecer os caminhos da vida: encher-me-ás de júbilo na tua presença. 
Irmãos, seja permitido dizer-vos com toda franqueza, a respeito do patriarca David: ele morreu e foi sepultado, e o seu túmulo encontra-se entre nós até ao presente dia. Sendo, pois, profeta, e sabendo que Deus lhe havia assegurado com juramento que um descendente seu tomaria assento em seu trono, previu e anunciou a ressurreição de Cristo, o qual na verdade não foi abandonado no Hades, nem sua carne viu a corrupção. A este Jesus Deus o ressuscitou, e disto nós todos somos testemunhas. Portanto, exaltado pela direita de Deus, ele recebeu do Pai o Espírito Santo prometido e o derramou, e é isto o que vedes e ouvis. Pois David, que não subiu aos céus, afirma: - Disse o Senhor ao meu Senhor: Senta-te à minha direita, até que eu faça de teus inimigos um estrado para teus pés. 
Saiba, portanto, com certeza, toda a casa de Israel: Deus o constituiu Senhor e Cristo, este Jesus a quem vós crucificastes". 

Ouvindo isto, eles sentiram o coração traspassado e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: "Irmãos, que devemos fazer?" Respondeu-lhes Pedro: "Arrependei-vos, e cada um de vós seja baptizado em nome de Jesus Cristo para a remissão dos vossos pecados. Então recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós é a promessa, assim como para vossos filhos e para todos aqueles que estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar. Com muitas outras palavras conjurava-os e exortava-os, dizendo: "Salvai-vos desta geração perversa". Aqueles, pois, que acolheram a sua palavra, fizeram-se baptizar. E acrescentaram-se a eles, naquele dia, cerca de três mil pessoas. 

Eles mostravam-se assíduos ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fracção do pão e às orações. Apossava-se de todos o temor, pois numerosos eram os prodígios e sinais que se realizavam por meio dos apóstolos. Todos os que tinham abraçado a fé reuniam-se e punham tudo em comum: vendiam as suas propriedades e bens, e dividiam-nos entre todos, segundo as necessidades de cada um. Dia após dia, unânimes, mostravam-se assíduos no Templo e partiam o pão pelas casas, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e gozavam da simpatia de todo o povo. E o Senhor acrescentava cada dia ao seu número os que seriam salvos. 

Pedro e João estavam subindo ao Templo para a oração da hora nona. Vinha, então, carregado, um homem que era aleijado de nascença, e que todos os dias era carregado à porta do Templo, chamada Formosa, para pedir esmola aos que entravam. Vendo a Pedro e João, que iam entrar no Templo, implorou que lhe dessem uma esmola. Pedro, porém, fitando nele os olhos, junto com João, disse-lhe: "Olha para nós!" Ele os olhava atentamente, esperando receber deles alguma coisa. Mas Pedro lhe disse: "Nem ouro nem prata possuo. O que tenho, porém, isto te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, põe-te a caminhar!" E, tomando-o pela mão direita, ergueu-o. No mesmo instante seus pés e calcanhares se firmaram; de um salto pôs-se em pé e começou a andar. E entrou com eles no Templo, andando, saltando e louvando a Deus. Todo o povo viu-o andar e louvar a Deus; reconheciam-no, pois era ele quem esmolava, assentado junto à Porta Formosa do Templo. E ficaram cheios de admiração e de assombro pelo que lhe sucedera.

Como ele não largasse Pedro e João, acorreu todo o povo, atónito, para junto deles, no pórtico chamado de Salomão. À vista disso, Pedro dirigiu-se ao povo: "Homens de Israel, por que vos admirais assim? Ou por que fixais os olhos em nós, como se por nosso próprio poder ou piedade tivéssemos feito este homem andar? O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacob, o Deus de nossos pais glorificou o seu servo Jesus, a quem vós entregastes e negastes diante de Pilatos, quando este já estava decidido a soltá-lo. Vós acusastes o Santo e o Justo, e exigistes que fosse agraciado para vós um assassino, enquanto fazíeis morrer o Príncipe da vida. Mas Deus o ressuscitou dentre os mortos, e disto nós somos testemunhas. Graças à fé em seu nome, este homem que contemplais e a quem conheceis, foi o Seu nome que o revigorou; e a fé que nos vem por Ele é que deu a este homem a sua perfeita saúde diante de todos vós. Entretanto, irmãos, sei que agistes por ignorância, da mesma forma como vossos chefes. Assim, porém, Deus realizou o que antecipadamente anunciara pela boca de todos os profetas, a saber, que seu Cristo havia de padecer. Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, a fim de que sejam apagados os vossos pecados, e deste modo venham da face do Senhor os tempos do refrigério. Então enviará ele o Cristo que vos foi destinado, Jesus, a quem o céu deve acolher até aos tempos da restauração de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca de seus santos profetas. Moisés, na verdade, falou: - O Senhor nosso Deus vos suscitará dentre os vossos irmãos um profeta semelhante a mim; vós o ouvireis em tudo o que ele vos disser. E todo aquele que não escutar esse profeta, será exterminado do meio do povo. Também os outros profetas, desde Samuel e todos os que a seguir falaram, prenunciaram estes dias. " Vós sois os filhos dos profetas e da aliança que Deus estabeleceu com os nossos pais, quando disse a Abraão: - Na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra. Para vós em primeiro lugar Deus ressuscitou seu Servo e o enviou para vos abençoar, a partir do momento em que cada um de vós se afaste de suas maldades". 

Estavam eles falando ao povo, quando sobrevieram os sacerdotes, o oficial do Templo e os saduceus, contrariados por vê-los ensinar ao povo e anunciar, em Jesus, a ressurreição dos mortos. Lançaram as mãos sobre eles e os recolheram ao cárcere até à manhã seguinte, pois já era tarde. Entretanto, muitos dos que tinham ouvido a Palavra abraçaram a fé. E o seu número, contando-se apenas os homens, chegou a cerca de cinco mil. No dia seguinte, reuniram-se em Jerusalém seus chefes, anciãos e escribas. Estava presente o sumo-sacerdote Anás, e também Caifás, Jonatas, Alexandre e todos os que eram da linhagem do sumo-sacerdote. Mandaram então comparecer os apóstolos e começaram a interrogá-los: "Com que poder ou por meio de que nome fizestes isso?" Então Pedro, repleto do Espírito Santo, disse-lhes: "Chefes do povo e anciãos! Uma vez que hoje somos interrogados judicialmente a respeito do benefício feito a um enfermo e de que maneira ele foi curado, seja manifesto a todos vós e a todo o povo de Israel: é em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, aquele a quem vós crucificastes, mas a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, é por seu nome e por nenhum outro que este homem se apresenta curado, diante de vós. É ele a pedra rejeitada por vós, os construtores, mas que se tornou a pedra angular. Pois não há, debaixo do céu, outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos". Ao verem a intrepidez de Pedro e de João, e verificando que eram homens iletrados e sem posição social, ficaram admirados. Reconheceram-nos, é verdade, como os que haviam estado com Jesus; mas, vendo com eles, de pé, o homem que fora curado, nada podiam dizer em contrário. Mandaram-nos, pois, sair do Sinédrio e puseram-se a deliberar, dizendo: "Que faremos com estes homens? Que um sinal notório foi realizado por eles é claramente manifesto a todos os habitantes de Jerusalém, e não podemos negá-lo. Mas, para que isto não se divulgue ainda mais entre o povo, proibamo-los, com ameaças, de tornarem a falar neste nome a quem quer que seja". Chamando-os, pois, ordenaram-lhes que absolutamente não falassem nem ensinassem mais em nome de Jesus. No entanto, Pedro e João responderam: "Julgai se é justo, aos olhos de Deus, obedecer mais a vós do que a Deus. Pois não podemos, nós, deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos". Então, depois de novas ameaças, soltaram-nos, não encontrando nada com que os punir, também por causa do povo: todos glorificavam a Deus pelo que acontecera. Ora, tinha mais de quarenta anos o homem no qual se verificara o sinal desta cura. 

Com grande poder os apóstolos davam o testemunho da ressurreição do Senhor, e todos tinham grande aceitação. Não havia entre eles necessitado algum. De fato, os que possuíam terrenos ou casas, vendendo-os, traziam os valores das vendas e os depunham aos pés dos apóstolos. Distribuía-se então, a cada um, segundo a sua necessidade. 

Naqueles dias, aumentando o número dos discípulos, surgiram murmurações dos helenistas contra os hebreus. Isto porque, diziam aqueles, suas viúvas estavam sendo esquecidas na distribuição diária. Os Doze convocaram então a multidão dos discípulos e disseram: "Não é conveniente que abandonemos a Palavra de Deus para servir às mesas. Procurai, antes, entre vós, irmãos, sete homens de boa reputação, repletos do Espírito e de sabedoria, e nós os encarregaremos desta tarefa. Quanto a nós, permaneceremos assíduos à oração e ao ministério da Palavra". A proposta agradou a toda a multidão. E escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Tímon, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. Apresentaram-nos aos apóstolos e, tendo orado, impuseram-lhes as mãos. E a palavra do Senhor crescia. O número dos discípulos multiplicava- se enormemente em Jerusalém, e considerável grupo de sacerdotes obedecia à fé. 

Estêvão, cheio de graça e de poder, operava prodígios e grandes sinais entre o povo. Intervieram então alguns da sinagoga chamada dos Libertos, dos cireneus e alexandrinos, dos da Cilícia e da Ásia, e puseram-se a discutir com Estêvão. Mas não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com o qual ele falava. "Subornaram então alguns para dizerem: "Ouvimo-lo pronunciar palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus". Amotinaram assim o povo, os anciãos e os escribas e, chegando de improviso, arrebataram-no e levaram-no à presença do Sinédrio. "Lá apresentaram testemunhas falsas que depuseram: "Este homem não cessa de falar contra este lugar santo e contra a Lei. Pois ouvimo-lo dizer repetidamente que esse Jesus, o Nazareno, destruirá este Lugar e modificará os costumes que Moisés nos transmitiu". Todos os membros do Sinédrio, com os olhos fixos nele, tiveram a impressão de ver em seu rosto o rosto de um anjo. " 

Perante o Sinédrio, Estevão disse entre outros: a qual dos profetas vossos pais não perseguiram? Mataram os que prediziam a vinda do Justo, de quem vós agora vos tornastes traidores e assassinos, vós, que recebestes a Lei por intermédio de anjos, e não a guardastes!" Ouvindo isto, os membros do Sinédrio tremiam de raiva em seus corações e rangiam os dentes contra ele. 
Estêvão, porém, repleto do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus, e Jesus, de pé, à direita de Deus. E disse: "Eu vejo os céus abertos, e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus". Eles, porém, dando grandes gritos, taparam os ouvidos e precipitaram-se à uma sobre ele. E, arrastando-o para fora da cidade, começaram a apedrejá-lo. As testemunhas depuseram seus mantos aos pés de um jovem chamado Saulo. E apedrejaram Estêvão, enquanto este invocava e dizia: "Senhor Jesus, recebe meu espírito". Depois, caindo de joelhos, gritou em voz alta: "Senhor, não lhes leves em conta este pecado". E, dizendo isto, adormeceu.

Ora, Saulo estava de acordo com a sua execução. Naquele dia, desencadeou-se uma grande perseguição contra a Igreja que estava em Jerusalém. Todos, com exceção dos apóstolos, dispersaram-se pelas regiões da Judeia e da Samaria. Entretanto, alguns homens piedosos sepultaram Estêvão, fazendo grandes lamentações por ele. Quanto a Saulo, devastava a Igreja: entrando pelas casas, arrancava homens e mulheres e metia-os na prisão. 

Entretanto, os que haviam sido dispersos iam de lugar em lugar, anunciando a palavra da Boa Nova.



Saulo, respirando ainda ameaças de morte contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo-sacerdote. Foi pedir-lhe cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de poder trazer para Jerusalém, presos, os que lá encontrasse pertencendo ao Caminho, quer homens, quer mulheres. Estando ele em viagem e aproximando-se de Damasco, subitamente uma luz vinda do céu o envolveu de claridade. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: "Saulo, Saulo, por que me persegues?" Ele perguntou: "Quem és, Senhor?" E a resposta: "Eu sou Jesus, a quem tu estás perseguindo. Mas levanta-te, entra na cidade, e te dirão o que deves fazer". Os homens que com ele viajavam detiveram-se, emudecidos de espanto, ouvindo a voz mas não vendo ninguém. Saulo ergueu-se do chão. Mas, embora tivesse os olhos abertos, não via nada. Conduzindo-o, então, pela mão, fizeram-no entrar em Damasco. Esteve três dias sem ver, e nada comeu nem bebeu. 
Ora, vivia em Damasco um discípulo chamado Ananias. O Senhor lhe disse em visão: "Ananias!" Ele respondeu: "Estou aqui, Senhor!" E o Senhor prosseguiu: "Levanta-te, vai pela rua chamada Direita e procura, na casa de Judas, por alguém de nome Saulo, de Tarso. Ele está orando e acaba de ver um homem chamado Ananias entrar e lhe impor as mãos, para que recobre a vista". Ananias respondeu: "Senhor, ouvi de muitos, a respeito deste homem, quantos males fez a teus santos em Jerusalém. E aqui está com autorização dos chefes dos sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome". Mas o Senhor insistiu: "Vai, porque este homem é para mim um instrumento para levar o meu nome diante das nações pagãs, dos reis, e dos filhos de Israel. Eu mesmo lhe mostrarei quanto lhe é preciso sofrer em favor do meu nome". Ananias partiu. Entrou na casa, impôs sobre ele as mãos e disse: "Saulo, meu irmão, o Senhor me enviou, Jesus, o mesmo que te apareceu no caminho por onde vinhas. É para que recuperes a vista e fiques repleto do Espírito Santo". Logo caíram-lhe dos olhos uma espécie de escamas, e recobrou a vista. Recebeu, então, o baptismo e, tendo tomado alimento, sentiu-se reconfortado. 

Saulo esteve alguns dias com os discípulos em Damasco e, imediatamente, nas sinagogas, começou a proclamar Jesus, afirmando que ele é o Filho de Deus. Todos os que o ouviam ficavam estupefatos e diziam: "Mas não é este o que devastava em Jerusalém os que invocavam esse nome, e veio para cá expressamente com o fim de os prender e conduzir aos chefes dos sacerdotes?" Saulo, porém, crescia mais e mais em poder e confundia os judeus que moravam em Damasco, demonstrando que Jesus é o Cristo. Decorridos muitos dias, os judeus deliberaram entre si como matá-lo. Mas Saulo teve conhecimento dessa trama. Vigiavam até as portas da cidade, de dia e de noite, para o matarem. Então os discípulos, uma noite, fizeram-no descer pela muralha, oculto num cesto.

Saulo, tendo chegado a Jerusalém, tentava associar-se aos discípulos; mas todos tinham medo dele, não acreditando que fosse, de facto, discípulo. Então Barnabé tomou-o consigo, levou-o aos apóstolos e contou-lhes como, no caminho, Saulo vira o Senhor, o qual lhe dirigiu a palavra; e com que intrepidez, em Damasco, falara no nome de Jesus. Daí por diante, ia e vinha entre eles, em Jerusalém, falando com intrepidez no nome do Senhor. Dirigia-se também aos helenistas e discutia com eles, os quais, porém, projectavam tirar-lhe a vida. Tendo-o sabido, os irmãos conduziram-no até Cesareia, de lá enviando-o para Tarso." 

Baptismo dos primeiros gentios - Pedro falava, quando o Espírito Santo caiu sobre todos os que ouviam a Palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, que tinham vindo com Pedro, ficaram estupefatos de verem que também sobre os gentios se derramara o dom do Espírito Santo, pois ouviam-nos falar em línguas e engrandecer a Deus. Então disse Pedro: "Poderia alguém recusar a água do baptismo para estes, que receberam o Espírito Santo assim como nós?" E determinou que fossem baptizados em nome de Jesus Cristo. Pediram-lhe então que permanecesse ali por alguns dias.


Entretanto, as Igrejas gozavam de paz em toda a Judeia, Galileia e Samaria. Elas edificavam-se e andavam no temor do Senhor, repletas da consolação do Espírito Santo.
Posteriormente iniciaram a sua expansão pelo mundo com inúmeras vicissitudes e martírios.




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JOSÉ MARIA ALVES
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