domingo, 8 de fevereiro de 2015

PRIMEIRA EPÍSTOLA DE SÃO PEDRO



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Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos estrangeiros da Dispersão: do Ponto, da Galácia, da Capadócia, da Ásia e da Bitínia, eleitos segundo a presciência de Deus Pai, pela santificação do Espírito, para obedecer a Jesus Cristo e participar da bênção da aspersão do seu sangue. Graça e paz vos sejam concedidas abundantemente! 

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, em sua grande misericórdia, nos gerou de novo, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma esperança viva, para uma herança incorruptível, imaculada e imarcescível, reservada nos céus para vós, os que, mediante a fé, fostes guardados pelo poder de Deus para a salvação prestes a revelar-se no tempo do fim. 

Nisso deveis alegrar-vos, ainda que agora, se necessário, sejais contristados por um pouco de tempo, em virtude de várias provações, a fim de que a autenticidade comprovada da vossa fé, mais preciosa do que o ouro que perece, cuja genuinidade é provada pelo fogo, alcance louvor, glória e honra por ocasião da Revelação de Jesus Cristo. A ele, embora não o tenhais visto, amais; nele, apesar de o não terdes visto, mas crendo, vos rejubilais com uma alegria inefável e gloriosa, pois que alcançais o fim da vossa fé, a saber, a salvação das vossas almas. 

A respeito dessa salvação investigaram e pesquisaram os profetas que profetizavam a respeito da graça que vos era destinada, procurando saber a que tempo e a que circunstâncias se referia o Espírito de Cristo, que estava neles, ao prenunciar os sofrimentos que haviam de sobrevir a Cristo e as glórias que viriam após. A eles foi revelado que não para si mesmo, mas para vós, exerciam esse ministério, que agora vos foi anunciado por aqueles que vos pregam o evangelho, pelo Espírito Santo enviado do céu, e ao qual os anjos desejam ardentemente perscrutar. 

Por isso, com prontidão de espírito, sede sóbrios e ponde toda a vossa esperança na graça que vos será trazida por ocasião da Revelação de Jesus Cristo. Como filhos obedientes, não consintais em modelar a vossa vida de acordo com as paixões de outrora, do tempo da vossa ignorância. Antes, como é santo aquele que vos chamou, tornai-vos também vós santos em todo o vosso comportamento, porque está escrito: - Sede santos, porque eu sou santo. E se chamais Pai aquele que com imparcialidade julga a cada um de acordo com as suas obras, portai-vos com temor durante o tempo do vosso exílio. Pois sabeis que não foi com coisas perecíveis, isto é, com prata ou com ouro, que fostes resgatados da vida fútil que herdastes dos vossos pais, mas pelo sangue precioso de Cristo, como de um cordeiro sem defeitos e sem mácula, conhecido antes da fundação do mundo, mas manifestado, no fim dos tempos, por causa de vós. Por ele, vós crestes em Deus, que o ressuscitou dos mortos e lhe deu a glória, de modo que a vossa fé e a vossa esperança estivessem postas em Deus. 

Pela obediência à verdade purificastes as vossas almas para praticardes um amor fraternal sem hipocrisia. Amai-vos uns aos outros ardorosamente e com coração puro. Fostes regenerados, não de uma semente corruptível, mas incorruptível, mediante a Palavra viva de Deus, a qual permanece para sempre. Com efeito, toda a carne é como erva e toda a sua glória como a flor da erva. Secou-se a erva e a sua flor caiu; mas a Palavra do Senhor permanece para sempre. Ora, é esta a Palavra que vos foi anunciada no evangelho. Portanto, rejeitando toda a maldade, toda mentira, todas as formas de hipocrisia e de inveja e toda a maledicência, desejai, como crianças recém-nascidas, o leite não adulterado da palavra, a fim de que por ele cresçais para a salvação, já que provastes que o Senhor é bondoso. Chegai-vos a ele, a pedra viva, rejeitada, é verdade, pelos homens, mas diante de Deus eleita e preciosa. Do mesmo modo, também vós, como pedras vivas, constituí-vos num edifício espiritual, dedicai-vos a um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus por Jesus Cristo. Com efeito, nas Escrituras se lê: - Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa; quem nela crê não será confundido. Isto é, para vós que credes ela será um tesouro precioso, mas para os que não crêem, a pedra que os edificadores rejeitaram, essa tornou-se a pedra angular, uma pedra de tropeço e uma rocha que faz cair. Eles tropeçam porque não crêem na Palavra, para o que também foram destinados. Mas vós sois uma raça eleita, um sacerdócio real, uma nação santa, o povo de sua particular propriedade, a fim de que proclameis as excelências daquele que vos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa, vós que outrora não éreis povo, mas agora sois o Povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia. 

Amados, exorto-vos, como a peregrinos e forasteiros neste mundo, a que vos abstenhais dos desejos carnais que promovem guerra contra a alma. Seja bom o vosso comportamento entre os gentios, para que, mesmo que falem mal de vós, como se fosseis malfeitores, vendo as vossas boas obras glorifiquem Deus, no dia da Visitação. 

Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor, seja ao rei, como soberano, seja aos governadores, como enviados seus para a punição dos malfeitores e para o louvor dos que fazem o bem, pois esta é a vontade de Deus que, fazendo o bem, tapeis a boca à ignorância dos insensatos. Comportai-vos como homens livres, não usando a liberdade como cobertura para o mal, mas como servos de Deus. Honrai a todos, amai os irmãos, temei a Deus.

Vós, criados, sujeitai-vos, com todo o respeito, aos vossos senhores, não só aos bons e razoáveis, mas também aos perversos. É louvável que alguém suporte aflições, sofrendo injustamente por amor de Deus. Mas que glória há em suportar com paciência, se sois esbofeteados por terdes errado? Ao contrário, se, fazendo o bem, sois pacientes no sofrimento, isto sim, constitui uma ação louvável diante de Deus. Com efeito, para isto é que fostes chamados, pois que também Cristo sofreu por vós, deixando-vos um exemplo, a fim de que sigais os seus passos. Ele não cometeu nenhum pecado; mentira nenhuma foi achada em sua boca. Quando injuriado, não revidava; ao sofrer, não ameaçava, antes, punha a sua causa nas mãos daquele que julga com justiça. Sobre o madeiro, levou os nossos pecados em seu próprio corpo, a fim de que, mortos para os nossos pecados, vivêssemos para a justiça. Por suas feridas fostes curados, pois estáveis desgarrados como ovelhas mas agora retornastes ao Pastor e Supervisor das vossas almas. 

Da mesma maneira, vós, mulheres, sujeitai-vos aos vossos maridos, para que, ainda quando alguns não creiam na Palavra, sejam conquistados sem palavras, pelo comportamento de suas mulheres, ao observarem o vosso comportamento casto e respeitoso. Não consista o vosso adorno em exterioridades, como no trançado dos cabelos, no uso de jóias de ouro, nem no trajar vestes finas, mas nas qualidades pessoais internas, isto é, na incorruptibilidade de um espírito manso e tranquilo, que é coisa preciosa diante de Deus. Com efeito, era assim que as santas mulheres de outrora, que punham a sua esperança em Deus, se adornavam, estando sujeitas aos seus próprios maridos. É o que vemos em Sara, que foi obediente a Abraão, chamando-lhe senhor. Dela vos tornareis filhas, se praticardes o bem e não vos deixardes dominar pelo medo. Do mesmo modo vós, maridos, sede compreensivos em vossa vida conjugal, tributando às vossas esposas a honra devida a companheiras de constituição mais delicada, co-herdeiras da graça da Vida, para evitar que as vossas orações fiquem sem resposta.

Finalmente, sede todos unânimes, compassivos, cheios de amor fraternal, misericordiosos e humildes de espírito. Não pagueis mal por mal, nem injúria por injúria; ao contrário, bendizei, porque para isto fostes chamados, isto é, para serdes herdeiros da bênção. Com efeito, aquele que ama a vida e deseja ver dias felizes, guarde a sua língua do mal e os seus lábios de proferir mentiras; afaste-se do mal e pratique o bem, busque a paz e siga-a; porque os olhos do Senhor estão sobre os justos e os seus ouvidos estão atentos à sua prece, mas o rosto do Senhor volta-se contra os que praticam o mal.

E quem vos há-de fazer mal, se sois zelosos do bem? Mas se sofreis por causa da justiça, bem-aventurados sois! Não tenhais medo nenhum deles, nem fiqueis conturbados; antes, santificai a Cristo, o Senhor, em vossos corações, estando sempre prontos a dar razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pede; fazei-o, porém, com mansidão e respeito, conservando a vossa boa consciência, para que, se em alguma coisa sois difamados, sejam confundidos aqueles que ultrajam o vosso bom comportamento em Cristo, pois será melhor que sofrais — se esta é a vontade de Deus — por praticardes o bem do que praticando o mal. 

Com efeito, também Cristo morreu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, a fim de vos conduzir a Deus. Morto na carne, foi vivificado no espírito, no qual foi também pregar aos espíritos em prisão, a saber, aos que foram incrédulos outrora, nos dias de Noé, quando Deus, em sua longanimidade, contemporizava com eles, enquanto Noé construía a arca, na qual poucas pessoas, isto é, oito, foram salvas por meio da água. Aquilo que lhe corresponde é o baptismo que agora vos salva, não aquele que consiste em uma remoção da imundície do corpo, mas num compromisso solene de uma boa consciência para com Deus pela ressurreição de Jesus Cristo, que, tendo subido ao céu, está à direita de Deus, estando-lhe sujeitos os anjos, as Dominações e as Potestades. 

Pois que Cristo sofreu na carne, deveis também vós munir-vos desta convicção: aquele que sofreu na carne rompeu com o pecado, a fim de viver o resto dos seus dias na carne, não mais de acordo com as paixões humanas, mas segundo a vontade de Deus. Já é muito que no tempo passado tenhais realizado a vontade dos gentios, levando uma vida de dissoluções, de cobiças, de embriaguez, de glutonarias, de bebedeiras e de idolatrias abomináveis. Agora estranham que não vos entregueis à mesma torrente de perdição, e cobrem-vos de injúrias, mas disto hão-de dar contas àquele que está prestes a julgar os vivos e os mortos. Eis por que o evangelho foi pregado também aos mortos, a fim de que sejam julgados como os homens na carne, mas vivam no espírito, segundo Deus. 

O fim de todas as coisas está próximo. Levai, pois, uma vida de autodomínio e de sobriedade, dedicada à oração. Acima de tudo, cultivai, com todo o ardor, o amor mútuo, porque o amor cobre uma multidão de pecados. Sede hospitaleiros uns para com os outros, sem murmurar. Todos vós, conforme o dom que cada um recebeu, consagrai-vos ao serviço uns dos outros, como bons dispenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém fala, faça-o como se pronunciasse palavras de Deus. Alguém presta um serviço? Faça-o com a capacidade que Deus lhe concedeu, a fim de que em tudo seja Deus glorificado por Jesus Cristo, a quem pertencem a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Amém. 

Amados, não vos alarmeis com o incêndio que lavra entre vós, para a vossa provação, como se algo de estranho vos estivesse acontecendo; antes, na medida em que participais dos sofrimentos de Cristo, alegrai-vos, para que também na revelação da sua glória possais ter uma alegria transbordante. Bem-aventurados sois, se sofreis injúrias por causa do nome de Cristo, porque o Espírito de glória, o Espírito de Deus repousa sobre vós. Mas ninguém dentre vós queira sofrer como assassino ou ladrão, ou malfeitor ou como delator, mas, se sofre como cristão, não se envergonhe, antes glorifique Deus por esse nome. Com efeito, é tempo de começar o julgamento pela casa de Deus. Ora, se ele começa por nós, qual será o fim dos que se recusam a obedecer ao evangelho de Deus? Se o justo com dificuldade consegue salvar-se, em que situação ficará o ímpio e pecador? Assim, aqueles que sofrem segundo a vontade de Deus confiam as suas almas ao fiel Criador, dedicando-se à prática do bem. 

Aos presbíteros que estão entre vós, exorto eu, que sou presbítero como eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo e participante da glória que há-de ser revelada. Apascentai o rebanho de Deus que vos foi confiado, cuidando dele, não como por coação, mas de livre vontade, como Deus o quer, nem por torpe ganância, mas por devoção, nem como senhores daqueles que vos couberam por sorte, mas, antes, como modelos do rebanho. Assim, quando aparecer o supremo pastor, recebereis a coroa imarcescível da glória. 

Do mesmo modo, vós, jovens, sujeitai-vos aos anciãos. Revesti-vos todos de humildade em vossas relações mútuas, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.
Humilhai-vos sob a poderosa mão de Deus, para que na ocasião própria vos exalte; lançai sobre ele toda a vossa preocupação, porque é ele que cuida de vós. Sede sóbrios e vigilantes! Eis que o vosso adversário, o diabo, vos rodeia como um leão a rugir, procurando a quem devorar. Resisti-lhe, firmes na fé, sabendo que a mesma espécie de sofrimento atinge os vossos irmãos espalhados pelo mundo. Depois de terdes sofrido um pouco, o Deus de toda a graça, aquele que vos chamou para a sua glória eterna em Cristo, vos restaurará, vos firmará, vos fortalecerá e vos tornará inabaláveis. Dele seja todo o poder pelos séculos dos séculos! Amém.

Por Silvano, que eu considero irmão fiel, vos escrevi em poucas palavras, exortando-vos e testificando que esta é a verdadeira graça de Deus, na qual deveis permanecer firmes. A que está em Babilónia, eleita como vós, vos saúda, como também Marcos, o meu filho. Saudai-vos uns aos outros com o ósculo da caridade. A paz esteja com todos vós os que estais em Cristo!


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JOSÉ MARIA ALVES
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