domingo, 8 de fevereiro de 2015

ECLESIASTES (COELET)



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Palavras de Coelet, filho de David, rei em Jerusalém. 


Vaidade das vaidades, tudo é vaidade. Que proveito tira o homem de todo o trabalho com que se afadiga debaixo do sol? Uma geração vai, uma geração vem, e a terra permanece sempre. O sol se levanta, o sol se deita, apressando-se a voltar ao seu lugar e é lá que ele se levanta. O vento sopra em direção ao sul, gira para o norte, e girando e girando vai o vento em suas voltas. Todos os rios correm para o mar e, contudo, o mar nunca se enche: embora chegando ao fim do seu percurso, os rios continuam a correr. Toda palavra é enfadonha e ninguém é capaz de explicá-la. O olho não se sacia de ver, nem o ouvido se farta de ouvir. O que foi, será, o que se fez, se tornará a fazer: nada há de novo debaixo do sol! Mesmo que alguém afirmasse de algo: "Olha, isto é novo!", eis que já sucedeu em outros tempos muito antes de nós. Ninguém se lembra dos antepassados, e também aqueles que lhes sucedem não serão lembrados por seus pósteros. 

Eu, Coelet, fui rei de Israel em Jerusalém. Coloquei todo o meu coração em investigar e em explorar com a sabedoria tudo o que se faz debaixo do céu. É uma tarefa ingrata que Deus deu aos homens para com ela se atarefarem. Examinei todas as obras que se fazem debaixo do sol. Pois bem, tudo é vaidade e correr atrás do vento! 

Muita sabedoria, muito é o desgosto; quanto mais conhecimento, mais sofrimento. 

Há um momento para tudo e um tempo para todo o propósito debaixo do céu. Tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar a planta. Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de destruir, e tempo de construir. Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de gemer, e tempo de bailar. Tempo de atirar pedras, e tempo de recolher pedras; tempo de abraçar, e tempo de se separar. Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de deitar fora. Tempo de rasgar, e tempo de costurar; tempo de calar, e tempo de falar. Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz. 

Observo que não há felicidade para o homem a não ser alegrar-se com as suas obras: essa é a sua porção; pois quem lhe mostrará o que vai acontecer depois dele? 


Mais vale o bom nome do que o bom perfume; o dia da morte do que o dia do nascimento. Mais vale ir a uma casa em luto do que ir a uma casa em festa, porque esse é o fim de todo homem; deste modo, quem está vivo reflectirá. Mais vale o desgosto do que o riso, pois pode ter-se a face triste e o coração alegre. O coração dos sábios está na casa em luto, o coração dos insensatos está na casa em festa. Mais vale ouvir a repreensão do sábio do que o canto dos insensatos; pois, assim como os gravetos crepitam sob o caldeirão, tal é o riso do insensato, e isso também é vaidade. A opressão enlouquece o sábio, e um suborno extravia o seu coração. 

Eis a única conclusão a que cheguei: Deus fez o homem recto, este, porém, procura complicações sem conta. 

Quem é como o sábio? Quem sabe a interpretação das coisas? A Sabedoria do homem faz sua face brilhar, e abranda a dureza da sua face.

Em tudo coloquei todo o meu coração e experimentei isto, a saber, que os justos e os sábios com suas obras estão nas mãos de Deus. 



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JOSÉ MARIA ALVES
(BLOGUE PESSOAL)
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